LA_Arquivo

Uma recolha de críticas da autoria de Lauro António, aparecidas em diversas publicações portuguesas.

quarta-feira, junho 28, 2006

ROLAND EMMERICH:
“O PATRIOTA”

“O Patriota” revisita os anos que antecederam a Independência dos EUA. Estamos em 1776, na Carolina do Sul. Benjamin Martin (Mel Gibson), celebrizado pela sua coragem na luta contra franceses e índios, vive agora inteiramente dedicado à sua família e herdade, e à construção de cadeiras de balouço que se vão partindo à medida que nelas se vai sentando. Uma vida sossegada, para fazer esquecer os horrores que havia praticado e havia visto, e que não queria ver repetir em frente dos filhos. Mas a ferocidade dos ingleses ocupantes, sobretudo de um tal coronel Tavington que ataca civis desarmados com a volúpia assassina de um oficial da Gestapo, leva Martin a rever as suas decisões e a solicitar o ingresso nas fileiras do exército que luta pela Independência. Com o posto de coronel e comandando um grupo de milícias armadas que descobrem novos métodos para se opôr às tradicionais tácticas dos oficiais ingleses. Em lutar de aceitar lutar em campo aberto, perante um exército poderoso e bem armado, Martin opta por uma luta de guerrilha que vai minando a confiança dos adversários e criando o mito de um "fantasma" que consegue derrotar sozinho batalhões de soldados ingleses.
Entre avanços e recuos, a guerra continua até à vitória final (que já se sabe, antes do filme se iniciar - faz parte da História!). Mas se se sabe o resultado do fim da guerra (o que não seria importante para o êxito do filme: também se conhecia de antemão o destino do Titanic), já o mesmo se não pode dizer de cada novo passo dos protagonistas desta história. O argumento, escrito por Robert Rodat (o mesmo de “O Resgate do Soldado Ryan”), não despreza um único clichet: Martin é viúvo, visita a campa da esposa, ama os filhos, será a morte de um deles que o levará a pegar em armas, cada cena de violência tem um contraponto sentimental ou humorístico, os ingleses são verdadeiros vilões, os negros lutam (?) pela sua emancipação, de forma ordeira e politicamente correcta, cada personagem é uma "personagem", as criancinhas são lindas, louras e de caracóis, as meninas (em idade de casar) são doces e puras, e os vilões da história estão lá para não deixarem em paz as crianças e as mulheres, os aleijados e os padres, os patriotas e os arruaceiros convertidos à causa. São 164 minutos sempre previsíveis. Mesmo os incêndios das igrejas com os fieis aferrolhados lá dentro são previsíveis.
Quem não gostou da previsibilidade foram os ingleses que se sentem maltratados em demasia, nem os negros que se sentem menosprezados, nem os americanos com um coeficiente de inteligência normal (ou superior) que acham que tanto patriotismo também chateia. Roland Emmerich dirigira já anteriormente um título patriótico, mas divertido, à força de tamanho exagero (“O Dia da Independência”). Agora toma-se a sério, e os americanos são mesmo um povo porreiro, tão porreiro que se calhar não existe como tal.
Com uma boa direcção artística (Kirk M. Petruccelli), um belo guarda roupa (Deborah L. Scott), uma fotografia fabulosa (de mestre Caleb Deschanel), uma partitura épica (do incontornável John Williams), “O Patriota” tem alguns bons momentos de acção (certas sequências de guerra, ou um treino militar montado em paralelo com os efeitos desse treino, por exemplo), e outras absolutamente intragáveis (Martin em contraluz na igreja, as cenas de "repouso do guerreiro" numa aldeia negra à beira mar...). Mas o melhor do filme (para lá da fotografia) é o casting masculino com uma escolha perfeita de actores para personagens. Jason Isaacs é excelente no vilão, Tom Wilkinson brilhante no General inglês, Chris Cooper confirma as qualidades demonstradas em “Beleza Americana”, e por aí fora. As actrizes não se mostram à altura e Mel Gibson alterna o bom e o banal, demonstrando que o seu forte são “As Motos da Morte” ou as “Armas Mortíferas”.
Às vezes, os filmes reaccionários são obras-primas. Já aconteceu (“O Nascimento de uma Nação”). Mas, outras vezes, os filmes aparentemente progressistas, são reaccionários pela forma como são feitos. Há quem acuse este “O Patriota” se ser fascista, apesar de mostrar a luta de um povo pela independência. Julgo que “O Patriota” trai a História em nome do espectáculo, mas o público não sai favorecido com a traição. Há crimes que não compensam.

O PATRIOTA (The Patriot), de Roland Emmerich (EUA, 2000), com Mel Gibson, Heart Ledger, Joely Richardson, Jason Isaac, Chris Cooper, Tcheky Karyo, Rene Auberjonois, Tom Wilkinson, Lisa Brenner, Adam Baldwin, etc. 164 min; M/ 12 anos. In “A Bola”, de 6.08.2000

MEL GIBSON

Mel Gibson nasceu Peekskill, Nova Iorque, nos EUA, em 3 de Janeiro de 1956 (há quem afirme que nasceu em 1951).
O pai, Hutton Gibson, transferiu-se de Nova Iorque para Sydney, New South Wales, Australia em 1968. Dizem que o pai ganhou um programa de televisão e aproveitou para levar os filhos para fora dos EUA e da eventualidade de serem recrutados para a guerra do Vietname. Mel Columcille Gerard Gibson estudou na University of New South Wales, e mais tarde estudou arte de representar no NIDA (National Insitutute of Dramatic Art), University of New South Wales, em Sydney, na Austrália.
Em 1977, estreia-se no cinema, com Summer City, de Christopher Fraser. Dois anos depois, com Mad Max, As Motos da Morte, torna-se um actor reconhecido internacionalmente, numa série que continua com Mad Max 2, O Guerreiro da Estrada e Mad Max 3, Além da Cúpula do Trovão. Já na América, uma outra série, Arma Mortífera, fará dele uma vedeta, que títulos como O Ano de Todos os Perigos, Maverick, Braveheart (que Mel Gibson também realiza com assinalável sucesso crítico e de bilheteira), Resgate ou Payback - A Vingança confirmarão como um dos actores de maior sucesso de Holywood. Criou a sua própria produtora (que produziu os dois filmes por si realizados, e também o filme de Wim Wenders, The Million Dollar Hotel).
Mel Gibson, casado com Robyn, tem sete filhos: Hannah, os gémeos Edward e Christian, William, Louis, Milo e Tommy.

Filmografia (como actor e realizador)

1977 - Summer City (Sedução e Vingança), de Christopher Fraser (Austrália)
1979 - Mad Max (As Motos da Morte), de George Miller (Austrália)
1979 - Tim, de Micheal Pate (Austrália)
1980 - The Chain Reaction, de Ian Barry (Australia) (não creditado)
1981 - "Punishment", de Julian Pringle (série de TV) (Austrália)
1981 - Gallipoli (Gallipoli), de Peter Weir (Austrália)
1981 - Mad Max 2: The Road Warrior (Mad Max 2, O Guerreira da Estrada), de George Miller (Austrália)
1982 - Attack Force Z (Comandos da Força Z), de Tim Burstall e Jing Ao Hsing (Austrália)
1982 - The Year of Living Dangerously (O Ano de Todos os Perigos), de Peter Weir (Austrália)
1984 - Mrs. Soffel, de Gillian Armstrong (EUA)
1984 - The Bounty (Revolta no Pacífico), de Roger Donaldson (EUA)
1984 - The River (O Rio), de Mark Rydler (EUA)
1985 - Mad Max Beyond Thunderdome (Mad Max, 3 Além da Cúpula do Trovão), de George Miller (Austrália, EUA)
1987 - Lethal Weapon (Arma Mortifera), de Richard Donner (EUA)
1988 - Tequila Sunrise (Intriga ao Amanhecer), de Richard Donner (EUA)
1989 - Lethal Weapon 2 (Arma Mortifera, 2), de Richard Donner (EUA)
1990 - Air America (Air America), de Richard Donner (EUA)
1990 - Bird on a Wire (Na Corda Bamba), de John Badham
1990 - Hamlet (Hamlet), de Franco Zeffirelli (Inglaterra)
1992 - Forever Young (Eternamente Jovem), de Steve Miner (EUA)
1992 - Lethal Weapon 3 (Arma Mortifera, 3), de Richard Donner (EUA)
1993 - The Man Without a Face (Homem sem Rosto), de Mel Gibson (EUA)
1994 - Maverick (Maverick) , de Richard Donner (EUA)
1995 - Braveheart (Braveheart), de Mel Gibson (Inglaterra)
1995 - Casper (Casper, o Fantasma), de Brad Silberling (EUA)
1995 - Pocahontas (Pacahontas), de Mike Gabriel e Eric Goldberg (voz) (EUA)
1996 - Ransom (Resgate), de Ron Howard (EUA)
1997 - Conspiracy Theory (Teoria da Conspiração), de Richard Donner (EUA)
1997 - Fathers' Day, de Ivan Reitman (EUA)
1998 - FairyTale: A True Story, de Charles Sturridge (EUA)
1998 - Lethal Weapon 4 (Arma Mortífera, 4), de Richard Donner (EUA)
1999 - Forever Hollywood, de Arnold Glassman e Todd McCarthy (EUA)
1999 - Payback (Payback- A Vingança), Brian Helgeland e Paul Abascal (EUA)
2000 - Chicken Run, de Peter Lord e Nick Park (EUA)
2000 - The Million Dollar Hotel (Million Dolar Hotel), de Wim Wenders (EUA)
2000 - The Patriot (O Patriota), de Roland Emmecrich (EUA)
2000 - Wallace and Grommit Go Chicken
2000 - What Women Want, de Nancy Meyers (EUA)

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