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Uma recolha de críticas da autoria de Lauro António, aparecidas em diversas publicações portuguesas.

quarta-feira, junho 28, 2006

RIDLEY SCOTT:
“HANNIBAL “CANNIBAL” LESTER”


Em 1991, Jonnathan Demme, sobre romance de Thomas Harris, deu à luz um clássico o filme de horror, “Silence of the Lambs” (O Silêncio dos Inocentes), onde um fabuloso Anthony Hopkins, na composição do Dr. Hannibal “Cannibal” Lester (a personagem da sua vida!) defrontava uma não menos notável Jodie Foster, na figura de Clarice Starling, uma agente do FBI destacada para interrogar o inquietante, sôfrego e voraz assassino que devora as suas vítimas. Penetrar nos segredos mais recônditos da mente de um psicopata, feito prisioneiro, para assim chegar até junto de um “serial killer” que não se consegue localizar, eis a iniciação proposta a Clarice. Da relação entre ambos, sabe-se agora que vimos a sequela, mas já descortinaramos no original, nasce uma paixão impossível e uma admiração suspeita. O sucesso foi súbito, esó espanta os anos que levou a concretizar a continuação. Ela aí está.
Mantendo Anthony Hopkins no centro do psico-drama, mas alterando tudo o mais, deve dizer-se que “Hannibal” não sustenta uma comparação com o filme inicial. Mas será esse o propósito de Ridley Scott, o realizador de O Gladiador, que assume a direcção desta obra? Em parte, é evidente que “Hannibal” continua o “Silêncio dos Inocentes”, impondo portanto a comparação. Por outro lado, Ridley Scott procura um diferente tipo de aproximação da figura de Hannibal Lester, e de todos os seus comparsas. Clarice tem agora o rosto de Julianne Moore (excelente, mas sem o peso e a crispação de Jodie Foster). Surge a personagem do inspector Pazzi (uma brilhante interpretação de Giancarlo Gaiannini, que chega a “roubar” o filme a Hopkins!). Gary Oldman é o destruído Mason Verger, que sonha vingar-se de Hannibal, idealizando tormentos inimagináveis. E temos ainda Florença, exílio dourado de Hannibal, que se passeia nas suas ruas habitadas pelo clima de fim de mundo que é bem a marca de Ridley Scott (veja-se “Blade Runner”, ou “Chuva Negra” ou mesmo “O Gladiador”).
Mais “gore” que o seu arquétipo, mais virado mesmo para o humor negro (mas um humor negro visceral!), “Hannibal” seria um bom filme de terror psicológico, não fora o caso de existir um referente com o qual é impossível impedir a comparação. Tudo indica que a continuação da continuação apareça por aí, mais ano, menos ano.


HANNIBAL (Hannibal), de Ridley Scott (EUA, 2001), com Anthony Hopkins (Hannibal Lecter ), Julianne Moore (Clarice Starling), Giancarlo Giannini (Pazzi), Gary Oldman (Mason Verger), Ray Liotta (Paul Krendler), etc.131 min; M/ 12 anos. In “A Bola” de 4.03.2001.

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